07 outubro, 2011

BOA ATRIZ MAS UMA PÉSSIMA OBREIRA

,
Boa atriz mas uma péssima obreira




“Desde que me conheço por gente sempre fui uma pessoa triste. Quando criança era débil, nada me alegrava, mas à frente dos outros era alegre, bem disposta e aos seus olhos era, supostamente, uma criança considerada “normal”, mas dentro de mim havia um vazio que me consumia.

Dei-me conta da minha tristeza a partir do momento em que fui para a escola, onde sentia inveja de todas as crianças que tinham pais, pois eu nunca cresci com os meus, então, por isso, sentia-me diferente, frágil, carente e por todos estes motivos sentia vontade de morrer. Queria deitar-me e nunca mais acordar, para não ter que viver todas as minhas frustrações mais um dia.
Cada dia, para mim, era uma frustração e assim fui crescendo, o mais incrível disto tudo é que eu já estava na Igreja, conhecia a Palavra de Deus, frequentava a escolinha, mas a Palavra de Deus só fazia efeito em mim dentro da Igreja, porque assim que saía para a rua era como se tudo o que tinha sido ensinado fosse esquecido na totalidade.
Tornei-me tia da escolinha e ensinava às crianças o mesmo que um dia aprendera. Aparentemente, eu era um exemplo a seguir, mas era algo superficial, pois dentro de mim continuava a “guerra interior”. Ir à Igreja era uma forma de me distrair, porque não pensava em mais nada, já que tudo o que me pediam era bem feito e por isso acredito que conseguia impressionar pastores, obreiros, etc.
Passado dois anos fui levantada a obreira e foi aí que o meu mundo ruiu… aceitei, pois  não tive coragem de dizer que não queria ser, já que no fundo sabia que a minha vida era uma ilusão. Por outro lado, sabia que se não aceitasse ser obreira a minha família ia achar que eu não estava bem, iriam julgar-me e ficaria mal vista por todos, pois naquela altura o sonho de qualquer jovem era ser obreira e casar com um pastor.
E, assim, deixei-me ser levada pela mesma maré, o que ficava bem fazer aos olhos dos outros eu fazia, pois tinha uma necessidade enorme de que as pessoas gostassem de mim. Então, para isso acontecer, anulava a minha vontade, chegando até ao ponto de deixar de fazer o que estava certo para poder agradar aos outros. Sabendo o que sei hoje, deveria ter tomado logo a decisão certa, a de não aceitar ser obreira sabendo que dentro de mim não tinha condições de o ser, poderia ter evitado tanta dor.
Era uma jovem mentirosa, cheguei várias vezes a sentir inveja das minhas colegas por terem namorados, por saírem à noite, frequentarem discotecas, terem uma vida sem regras: eu queria ser como elas. Ninguém poderia imaginar o se passava realmente comigo, porque eu fingia muito bem, era uma boa actriz.
Assim foram passando os anos, sem novidade de vida, estava cada vez pior, queria encontrar culpados para a minha situação, mas eu era a única responsável por não me entregar de facto e de verdade nos braços de Jesus.
Até que um dia tentei o suicídio, porque vivia sufocada, sentia-me fisicamente cansada com o esforço que fazia para fingir ser feliz. Com a tentativa de suicídio vi que me tinha sido dada uma 2ª oportunidade de viver, pois não tinha ficado com sequelas. Depois do susto, tentei entregar-me a Jesus, tentei ser uma pessoa diferente, mas as coisas do mundo cativavam-me, tinham uma força enorme sobre mim e só conseguia ser forte dentro da Igreja… bom, mais uma tentativa falhada, pois continuava na mesma quando vestia o uniforme: sentia-me linda por fora, recebia muitos elogios, mas por dentro a podridão tomava conta de tudo, era como se tivesse duas pessoas no meu interior, por um lado queria ser uma Mulher de Deus e por outro uma mulher do mundo e, sem dar conta, esta apoderava-se cada vez mais de mim…
Descubra amanhã o desfecho desta história tão marcante, que poderia pertencer a si ou a qualquer uma das faces anónimas com que se costuma cruzar na Igreja.

Continua....

0 comentários to “BOA ATRIZ MAS UMA PÉSSIMA OBREIRA”

Postar um comentário

 

Michelle Copyright © 2011 | Template design by O Pregador | Powered by Blogger Templates